terça-feira, janeiro 23, 2007

Virtual

Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias, coisa que há tempos que não sei o que são.

Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é?

Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:

- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, eu compro um.

Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail. Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadas malucas. Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.

- Senhor, peça para colocar margarina e queijo.

Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.

- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, está bem?

Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora. O peso na consciência, impedem-me de o dizer.

Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.

Então sentou-se à minha frente e perguntou:

- Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns e-mail.
- O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses): É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor você tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual?

Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas.

- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.

- Que bom isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Tens computador?! - Exclamo eu!!!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual. A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia. Isto é virtual não é senhor???

Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino acabasse de literalmente "devorar" o prato dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Brigado senhor, você é muito simpático!". Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!

terça-feira, janeiro 16, 2007

Entrevista

Sonhei que tinha marcado uma entrevista com Deus.
-Entre - falou Deus. Então, você gostaria de me entrevistar?
- Se tiver tempinho, - disse eu.

Deus sorriu e falou:
- Meu tempo é eterno, suficiente para fazer todas as coisa; que perguntas você tem em mente?

- O que mais o supreende na humanidade? - Perguntei...

Deus respondeu:
- Que se aborreçam de ser crianças e queiram logo crescer e aí, desejam ser crianças outra vez.
Que desperdicem a saúde para fazer dinheiro e aí percam dinheiro para restaurar a saúde.
Que pensem ansiosamente sobre o futuro, esqueçam o presente e, dessa forma não vivam nem o presente, nem o futuro.
Que vivam como se nunca fossem morrer e que morram como se nunca tivessem vivido.

Em seguida, a mão de Deus segurou a minha e por um instante ficamos silenciosos... Então eu perguntei:
- Pai, quais são as licões de vida que deseja que seus filhos aprendam?

Com um sorriso Deus respondeu:
- Que aprendam que não podem fazer com que alguém os ame. O certo é se deixarem amar.
Que aprendam que o mais valioso não é o que se têm na vida, mas Quem se tem na vida.
Que aprendam que não é bom se compararem uns aos outros. Por que todos serão julgados individualmente sobre seus próprios méritos.
Que aprendam que uma pessoa rica não é a que tem mais, mas a que precisa menos.
Que aprendam que só é preciso alguns segundos para abrir profundas feridas nas pessoas amadas e que é necessário muitos anos para curá-las...
Que aprendam a perdoar, praticando o perdão.
Que aprendam que há pessoas que os amam muito, mas que simplesmente não sabem como expressar ou demonstrar seus sentimentos.
Que aprendam que dinheiro pode comprar tudo, excepto felicidade.
Que aprendam que duas pessoas podem olhar para a mesma coisa e vê-las de forma totalmente diferente.
Que aprendam que um amigo verdadeiro é alguém que sabe tudo sobre você e gosta de você do jeito que é.
Que aprendam que não é suficiente que sejam perdoados, mas que perdoem a si mesmos.

Por um tempo, permaneci sentado, desfrutando aquele momento. Agradeci a Deus pelo seu tempo e por todas as coisas que tem feito por mim.

Ele respondeu:
- Estarei aqui sempre que alguém precisar de ajuda. Tudo que precisarem fazer é chamar por mim. Que todos podem esquecer o que eu disse, podem esquecer o que eu fiz, mas jamais Eu esquecerei de cada um de vocês.


(Autor Desconhecido)

sábado, janeiro 06, 2007

8º Encontro

Olá a todos, e já agora, FELIZ ANO NOVO!!!

Eu sei que o objectivo principal deste blog é a divulgação e resumo/comentário, feitos por mim, sobre o Grupo de Jovens da Paróquia do Castelo de Sesimbra, assim como outros assuntos relacionados com a Fé Cristã.
Também sei que ainda só publiquei um ou outro post mesmo sobre o Grupo de Jovens, mas não pensem que é por eu faltar ao Grupo, não, não é isso, eu poderia dizer que é por falta de tempo, mas não se pode dizer que seja por falta de tempo, essa desculpa fácil de arranjar muitas vezes facilita estarmos a pensar, a avaliar a verdade e vir a descobrir que foi por falta de vontade, de inspiração, de paciência, entre outras coisas; tudo o que não fazemos nem é por falta de tempo, mas por falta de outra coisa qualquer. Por isso peço as mais sinceras desculpas pela minha falta em relação a este blog, mas isto de andar no primeiro ano da faculdade desgasta psicológica e fisicamente uma pessoa pois é um ano de adaptação a um ritmo que até aqui não estamos habituados… bolas lá estou eu divagar e afastar-me do que realmente interessa para este post, o encontro do Grupo ontem à noite.

Hoje como é Dia de Reis (ou Epifania), a leitura deste Domingo será sobre a visita dos Magos ao Menino Jesus que acabou de nascer em Belém. Para iniciar o encontro, e como vem sendo costume, fazemos uma dinâmica relacionada com a leitura desse Domingo. Desta vez foi-nos distribuídos uns papelinhos com um número e o nome de uma personagem, o número indicava a ordem de entrada das personagens na mini peça de teatro improvisada à pressão (eu era a 3ª a entrar com a personagem de Belchior), ali no momento, sem nenhum apoio a não ser a nossa memória em relação à história já conhecida; quando acabamos, com muitas risadas à mistura (pois os camelos dos Magos eram super inteligentes e “largaram a fugir” para Belém, só os camelos é que sabiam como haviam de lá chegar, fui eu que inventei esta a meio da peça), lemos a leitura do Evangelho de São Mateus (Mt 2, 1-12).
E como é costume, e para não fugir à regra, depois da dinâmica e da leitura do Evangelho vem o momento de partilha numa roda, desta vez era para fazer-mos um balanço do nosso 2006, do nosso Natal e Passagem de Ano. Para sabermos quem já tinha feito partilha, e de forma a todos “ser-mos obrigados” a falar andou um novelo de lã “a saltar nas nossas mãos”, isto é, quem acabava de falar passava o novelo a outra pessoa, nem que fosse na outra ‘extremidade’ da roda, ficando a segurar uma parte do fio de lã. Aqui apanharam-me desprevenida e tive de ser a primeira a falar, neste caso pode-se dizer que me passaram a bola paras as mãos, e como não sabia de todo o que iria partilhar, ainda não tinha organizado a minha cabeça sobre o 2006, contei como foi o meu último Natal (que tinha sido na garagem da casa dos sogros de uma tia minha, que tinha ficado rabugenta por o meu irmão e o meu tio me terem massacrado a cabeça por eu ter feito um erro num jogo amigável de cartas, por ter começado a chorar sem mais nem menos no fim do jantar, por o meu pai me dizer que eu lhe estava a estragar o Natal e que depois poderia me estragar a Passagem de Ano, por eu ter ficado mais de 10 minutos sozinha para me acalmar e nesse tempo ter mandado uma mensagem a uma amigo conviva para ver se me sentia melhor, por ele me ajudar a ver aquela Natal de forma diferente, mesmo desconhecendo a situação, e isso animou-me pelo menos o resto da noite [é claro que no dia seguinte o encontrei na net e estive a explicar-lhe tudo o que se passou]).
Depois passei ao Miguel, que passou à Sara T., ao namorado da Sara Cristóvão, à Cláudia Ferreira (Cloey), à Liliana, à amiga da Sara T., à irmã da Rita, à Sofia (gémea), ao Fernando, à D. Júlia (a responsável pelo secretariado de catequese da paróquia e uma mãe para todos), à Soraia, à Sara Cristóvão, à Irmã Lourdes, ao Padre Francisco, terminando na Irmã Dina, a nossa visita especial (pois foi professora e/ou catequista de grande parte do grupo e que depois foi mandada em missão para Moçambique, a 600Km de Maputo, voltando agora par umas mini férias e uma visita). Todos os testemunhos dados foram interessantes e fizeram-me pensar que o meu não foi assim nada de especial e que poderia ter partilhado muito mais, mas como já era quase uma da manhã (e os meus pais já estavam à minha espera à mais de uma hora) fiquei cala e nada disse.
Mas faço aqui e agora o meu balanço completo (ou quase) de 2006.

Em Janeiro era bem capaz de ainda ter uma pequena réstia dos efeitos do meu convívio fraterno, o 987 (nove oito sete) – o convívio que não se repete, e foi quando eu andava a ajudar a Cloey com o 1º volume, este foi separado e eu tive de ficar com uma metade (foi quando eu percebi que aos poucos estava a tornar-me numa catequista, algo que eu em pequena dizia que nunca iria ser).
Em Fevereiro foi toda a alegria da preparação do Carnaval e, mais importante, do encerramento do Convívio 1000, no Cristo Rei em Almada, onde a Madalena entro e a Cloey e o Fernando entraram para a equipa da cozinha.
Na Páscoa, é a habitual subida à Serra da Arrábida com os amigos na Sexta-Feira Santa. Também algumas breves lembranças do encontro no Scalabrini com o Grupo dos Convivas, onde estávamos a falar de como estávamos a viver a Quaresma nequele momento.
Em Junho foi a Festa da Sagrada Escritura no Parque da Paz em Almada, que foi no dia a seguir ao meu Baile de Finalistas, e onde ocorreu também o encerramento daquele “ano lectivo” de catequese (no fim do qual eu já estava ligada às crianças do 1º volume, aos poucos fui-me tornando na sua catequista). Foi nesta festa que ouvi pela primeira vez, e ao vivo, a Irmã Glenda a cantar, foi algo maravilhoso e mágico e que relembro cada vez que oiço novamente uma das suas músicas, principalmente a que mais me tocou o “Nada es imposible para ti”.
Em Agosto fui para a aldeia onde vivi sete anos antes de vir para Azeitão, a aldeia da minha mãe e onde eu passei a minha infância no meio da Natureza. Foi também em Agosto que voltei a receber o convite das Irmãs de Santana para fazer umas Férias Apostólicas (o primeiro convite foi feito durante a Festa da Sagrada Escritura).
Até aqui só foram coisas muito positivas para mim, bem, se excluir-mos que no fim de Julho enervei-me de tal maneira com o meu irmão e parti a porta de vidro da cozinha (ainda hoje não tem vidro) e ambos ficamos proibidos de mexer no computador (a origem) durante o mês de Agosto (algo que o meu irmão não cumpriu, pois achava que não tinha culpa nenhuma de eu ter partido a porta) e se também excluir-mos que em Junho/Julho recebi um email que revelava o 3º Segredo de Fátima (eu publiquei num outro blog meu: As minhas cenas… e muito mais) e a mensagem deixou-me bastante perturbada, pelo menos até ter criado um outro blog com a Palavra de Deus todos os dias, mas que devido ao castigo eliminei pois não conseguia continuar.
As Férias Apostólicas foram muito giras, com experiências muito interessantes e que fico na minha memória por 3 motivos: as colegas e amigas que se fizeram, mas das quais a mais calada tornou-se no fim a amiga especial, pois é a única que eu encontro e falo na net ao ponto de agora nos tratar-mos por manas; de me terem roubado o meu mp3, prenda dos meus pais pelo meu aniversário; e por numa das visitas aos doentes uma senhora perguntar a uma colega se ela pensava algum dia tornar-se freira, e depois dizer com toda a sua convicção que eu me tornaria numa freira, sem dúvidas nenhumas. Por vezes este pensamento vem a minha memória, e assalta-me; por vezes o tempo e a vida fazem-me pensar se não deveria seguir por esse caminho…
Continuando, em Setembro recebi a confirmação de que o Fernando iria entrar este ano no Seminário de Almada (desconfiava desde Junho/Julho), o Padre Francisco disse que eu iria continuar com as mesmas crianças do ano passado, agora no 2º Volume, mas sem a Cloey, e entrei na Faculdade.
Em Outubro foi o recomeço da catequese e do Grupo de Jovens (e a criação deste mesmo blog), mas também tive de despedir-me de uma grande amigo meu que decidiu deixar a banda, agora sinto que ele está cada vez mais longe de mim…
Em Novembro andava como uma formiga de um lado para o outro e cheia de trabalho (eu sempre gostei de observar formigar, daí esta comparação), tanto que quase apanhei um esgotamento nervoso (mas ele passou-me ao lado, não o consegui segurar =P ) isto porque todas as semanas pedia ao Senhor para me dar forças para mais uma semana que se aproximava a longos passos. Só para ficarem com uma ideia eu tinha: 5 disciplinas na Faculdade, e tudo o que isso implica, assim como estava a fazer um Workshop sobre Métodos de Estudo, lá na Faculdade; tinha de prepara e dar catequese ao mesmo tempo que estava a fazer um curso para catequistas e tinha o grupo de jovens, na paróquia do Castelo; e andava na Banda Filarmónica e no Teatro da colectividade ao lado da minha casa, com ensaios, aulas e criação de cenários; e mesmo assim consegui ter uma réstia de tempo para criar o fundo deste blog (tem o seu trabalho, é arranjar a imagem, modificá-la, saber o que queria, como queria, e ter de saber onde mexer para conseguir o que queria, é trabalho para 2 horas para quem já entende alguma coisa do assunto) e de ter feirto pelo menos uma boa acção no comboio a caminho da Faculdade (um momento que levou-me mesmo a considerar a hipotese de vir a ser freira, e ter sido, em parte a origem deste blog, esta acção é pois o primeiro post deste blog: Somos instrumentos do Senhor).
Por fim, em Dezembro sentia-me dividida, por um lado estava feliz, mais um convívio fraterno, desta fez coordenado pela Sara T. e a Cloey e a Vera na equipa, a Soraia, a Sofia, o Ricardo e a Filipa Botas dos escuteiros a entrarem para o grupo dos convivas, senti-me feliz por ter estado com o Fernando, a Rita, a Madalena e o Miguel na lançamento do CD da Terceira Margem em Setúbal; mas por outro lado sentia-me triste devido a todo o novo espírito de consumismo que o Natal está cada vez a ganhar mais e mais e por o que aconteceu comigo na consoada. Mas no dia de Natal propriamente dito, fui a missa do meio-dia com os meus pais e fui visitar a família que não esteve comigo na consoada.
Avaliando bem agora a situação global até foi uma ano bom e feliz, tirando algumas excepções, ou então sou eu que só me lembro das coisas boas e esqueço-me das coisas menos boas.

No fim do encontro do Grupo de Jovens o Padre Francisco disse-me, quando eu estava para me vir embora, que eu tinha de actualizar o meu blog, eu sabia disso muito bem e prometi-lhe que pelo menos em Fevereiro iria conseguir de certeza. Ainda gostava de saber como ele tem conhecimento deste meu blog, ele diz-me apenas que existem motores de busca e palavras-chaves, mas para mim há qualquer coisa mais, ainda não sei o que é, mas espero um dia descobrir, talvez um dia…quem sabe.

Um boa ano de 2007 e
Até à Próxima